quarta-feira, 21 de julho de 2010

A prece

Capítulo 27 do Evangelho Segundo o Espiritismo

Peça que obterá - Estudo nº1

Quando orar, não seja como os hipócritas que oram de pé para serem vistos pelos homens.
Quando quiser orar, entre em seu quarto e feche a porta, ore em secreto que o Pai lhe dará a recompensa.
Não peça muito em suas preces. O Pai sabe de suas necessidades, antes mesmo que lhe peça.
(baseado em MATEUS, cap. VI, vv., 5 a 8.)

Quando orar, se tiver qualquer coisa contra alguém, perdoe a fim de que o Pai, também perdoe os seus pecados. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)

Lembremos a passagem do Pai Nosso – a oração que Deus nos ensinou...
[...] Perdoe os nossos pecados assim como perdoamos nossos devedores [...]

Comentários:
· Somos perdoados na mesma proporção que perdoamos.
· Não é pela multiplicidade das palavras que somos escutados, mas pela sinceridade delas.


Eficácia da prece
Seja o que pedir em suas preces, creia que será concedido.
Um pai criterioso não recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. Porém, o homem, sendo livre para agir, seus atos lhe acarretam conseqüências subordinadas ao que ele faz ou deixa de fazer.
O que Deus lhe concederá é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante idéias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação.
Ele assiste os que se ajudam a si mesmos. Não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui.
Não creia que seja socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço.


Exemplo.
Um homem se acha perdido no deserto. A sede o martiriza horrivelmente. Desfalecido, cai por terra. Pede a Deus que o assista, e espera. Nenhum anjo lhe virá dar de beber. Contudo, um bom Espírito lhe sugere a idéia de levantar-se e tomar um dos caminhos que tem diante de si.
Por um movimento maquinal, reunindo todas as forças que lhe restam, ele se ergue, caminha e descobre ao longe um regato. Ganha coragem e segue para matar sua sede.

Se tem fé, exclamará: "Obrigado, meu Deus, pela idéia que me inspiraste e pela força que me deste."

Se lhe falta a fé, exclamará: "Que boa idéia tive! Que sorte a minha ter tomado o caminho da direita, em vez do da esquerda; o acaso, às vezes, nos serve admiravelmente! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me ter deixado abater!"


Responda então estas perguntas:
Por que o bom Espírito não lhe disse claramente: "Segue este caminho, que encontrará o que necessita"?
Por que não o guiou e o sustentou no seu desfalecimento?


Comentários:
Dessa maneira, tê-lo-ia convencido da intervenção da Providência.
É necessário ensinar que cada um deve ajudar-se a si mesmo e fazer uso das suas próprias forças.
Deus põe a prova a confiança que nele deposita e a submissão desta à sua vontade.
É como aquela criança, que cai e, diante de pessoas, põe-se a gritar e fica à espera de que alguém lhe venha levantar. Se não vê pessoa alguma, faz esforços e se ergue sozinha.


Veja vídeo : Pegadas na areia

Pegadas na Areia (Pe. Antônio Maria)

Os caminhos de nosso Senhor
Só quem ama percorreu
Só quem sonha conheceu
São caminhos cheios de amor
Que nem sempre o sonhador
É capaz de entender
Alguém me disse que sonhou
Que estava numa praia caminhando com Jesus
E olhando o céu viu sua vida
Tanta estrada percorrida
Sempre em busca de uma luz
E olhando as marcas na areia
Viu ao lado dos seus passos as pegadas de Jesus

(Refrão):
E aí ele falou:
- Não te entendo, meu Senhor!
E olhou pro chão
- Nos caminhos mais difíceis, eu não vejo as tuas marcas
Por que me deixaste só?
Jesus respondeu:
- Os passos são só meus, jamais te abandonei
É que nos momentos mais difíceis de viver
Nos meus braços te levei

A parábola do casulo e da borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.
Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais.
Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente.
Mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas.
O homem continuou a observá-la, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar.
O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de forma que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Comentários:
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.
Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar.
Eu pedi forças...e Deus deu-me dificuldades para fazer-me forte.
Eu pedi sabedoria... e Deus deu-me problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade... e Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem...e Deus deu-me obstáculos para superar.
Eu pedi amor...e Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores...e Deus deu-me oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi...mas eu recebi tudo de que precisava.



Prece – uma transmissão do pensamento - Estudo 2

A prece é uma invocação pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige.
Através do pensamento (para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa) estabelece-se uma corrente fluídica entre um e outro. Como o ar transmite o som, a corrente fluídica transmite o pensamento.
É assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações. A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade.
Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs.
Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a voltar ao caminho reto, se deste se afastou.
Pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas.

Por exemplo:
Quando um homem, vê arruinada a sua saúde em consequência de excessos a que se entregou, e arrasta uma vida inteira de sofrimento, ele tem o direito de queixar-se quando não obtiver a cura que deseja?
Resposta: Não, pois poderia encontrar na prece a força de resistir às tentações.

Comentários:
Fica evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições, das quais seria poupado, se sempre vivesse com sabedoria e prudência.
Não menos certo é que todas essas misérias resultam das nossas infrações às leis de Deus.
· Se puséssemos freio à nossa ambição, não teríamos de temer a ruína;
· Se não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não teríamos de recear a queda;
· Se fôssemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho abatido;
· Se praticássemos a lei de caridade, não seríamos maldizentes, nem invejosos, nem ciosos, e evitaríamos as disputas e dissensões;
· Se mal a ninguém fizéssemos, não houvéramos de temer as vinganças, etc.

"O homem sofre sempre a conseqüência de suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que fique sem a correspondente punição.

"A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta.

"Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno a senda do bem; a pena dura tanto quanto a obstinação no mal; seria perpétua, se perpétua fosse a obstinação; dura pouco, se pronto é o arrependimento.

"Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe concede a esperança. Mas, não basta o simples pesar do mal causado; é necessária a reparação, pelo que o culpado se vê submetido a novas provas em que pode, sempre por sua livre vontade, praticar o bem, reparando o mal que haja feito.

"O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem."


Lei imutável e em conformidade com a bondade e a justiça de Deus.

A ação da prece tem por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, granjear deles força para resistir aos maus pensamentos.
O que bons Espíritos fazem não é afastar de nós o mal, mas sim, desviar-nos dos maus pensamentos que nos pode causar dano. Eles em nada obstam ao cumprimento dos decretos de Deus, nem suspendem o curso das leis da Natureza; apenas evitam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio.
O homem se coloca na posição de solicitar bons conselhos. Colocá-los em prática, segui-los, ou não é uma questão de livre arbítrio.
É isso o que o homem pode estar sempre certo de receber, se pedir com fervor: "Peça que obterá."

Do coração do egoísta, daquele que apenas de lábios ora, unicamente saem palavras, nunca os ímpetos de caridade que dão à prece todo o seu poder.
O homem que não se considere suficientemente bom, não deve por isso abster-se de orar a bem de outrem, com a idéia de que não é digno de ser escutado. A consciência da sua inferioridade constitui uma prova de humildade, grata sempre a Deus, que leva em conta a intenção caridosa que o anima.
Repelida será a prece do orgulhoso que deposita fé no seu poder e nos seus merecimentos e acredita ser possível sobrepor-se à vontade do Eterno.

Está no pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum.
A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo.
É como se muitos clamassem juntos e em uníssono.
Entretanto, o que importa se um grande o número de pessoas estão reunidas para orar, se cada uma atua isoladamente e por conta própria?!
Cem pessoas juntas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão com mais força.
Deus vê o que se passa no fundo dos corações; lê o pensamento e percebe a sinceridade.
A prece pelos mortos e pelos Espíritos sofredores
Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. A prece reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. E nesse sentido que lhes pode não só aliviar, como abreviar os sofrimentos.

Quase todos oramos, mas poucos são os que sabem orar!
A prece deve conter o pedido das graças de que necessita. Peça que lhe conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé.
Deve-se orar incessantemente, sem precisar se recolher em seu oratório, ou se lançar de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles.
· Não é ato de amor a Deus assistir os irmãos necessitados moral ou físicamente?
· Não é ato de reconhecimento, elevar o pensamento a Deus, quando uma felicidade nos advém, quando um acidente é evitado, quando mesmo uma simples contrariedade apenas nos roça a alma, desde que não nos esqueçamos de exclamar: Bendito seja, meu Pai?!
· Não é ato de contrição nos humilharmos diante do supremo Juiz, quando sentimos que falimos, ainda que somente por um pensamento fugaz?

Então dizemos: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta.

É certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas saem maquinalmente.








Nenhum comentário:

Postar um comentário