quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quem são os fariseus de hoje?

Adaptação do texto de Pastor Gary Fisher

O evangelho está cheio de controvérsias entre Jesus e os fariseus
Quem eram estes fariseus e por que Jesus se opunha tanto a eles?
Afinal, o que é um fariseu?
Fariseu é o nome dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C.. Criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga.
Apesar da sua má fama, os fariseus, ao contrário dos saduceus, tinham uma boa profissão de fé: "Pois os saduceus (designação da segunda escola filosófica dos judeus) declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas" (At 23.8). Os fariseus, portanto, acreditavam na ressurreição e, portanto, acreditavam na vida eterna.
Eles eram líderes de um movimento para trazer o povo de volta a uma submissão estrita à palavra de Deus e eram considerados geralmente como os servos mais espirituais e devotos de Deus.
A oposição vigorosa de Jesus contra eles deixava muitos perplexos.
Precisamos entender as razões por que Jesus os repreendia e fazer um paralelo com nossas atitudes do cotidiano.

Seguiam a tradição
Os fariseus seguiam não somente a lei escrita de Deus, mas também as tradições orais que lhes tinham sido passadas.
Eles acreditavam que ambas eram a vontade de Deus.
Jesus não seguiu as tradições dos fariseus distinguindo claramente entre a lei de Deus e os mandamentos dos homens.

Muitas igrejas ou seitas modernas imitam os fariseus. Elas se agarram a suas tradições acima da palavra de Deus.
Muitas delas têm credos ou catecismos que vão além dos preceitos da Bíblia aos quais eles dão sua fidelidade.
Outros colocam os ensinamentos do pastor, do mentor, do pregador ou papa no mesmo nível das Escrituras. Acrescentam regras que vão além dos mandamentos da Bíblia.
Regras extremas quanto ao vestuário e regulamentos minuciosos sobre cada pormenor da vida são certamente herdeiros legítimos da herança farisaica.

Buscavam ser honrados
Jesus condenou os fariseus pelo interesse deles em impressionar aos outros.
Gostavam de chamar atenção, como usar roupas especiais para fazê-los parecer mais religiosos, orar e jejuar de modos muito visíveis e disputar pelas posições mais elevadas tanto na sinagoga como no mercado.
Muito orgulhosos, insistiam em que os outros lhes dessem títulos especiais de respeito, quando os saudassem, porque queriam ser notados e admirados.
Quantos líderes religiosos de nossos dias usam roupagem especial para distingui-los como "clérigos", usando títulos especiais e adorando com grande pompa e cerimônia?
A religião nos nossos dias tem sido reduzida a uma questão de espectadores aplaudindo os atos deslumbrantes daqueles que estão no palco.
O holofote tem sido apontado para o pastor eloqüente, cheio de si, de maneira que poderia causar inveja até a um fariseu.
Então pergunto: procura-se impressionar os homens ou servir a Deus humildemente?

Amavam o dinheiro
Os fariseus eram cobiçosos. Jesus os acusou de roubalheira e de devorar as casas das viúvas. É difícil saber exatamente como eles "devoravam" as casas das viúvas; talvez persuadindo-as a fazer grandes doações.
Certamente, pessoas de má fé no meio religioso têm explorado os pobres e velhos forçando-os a fazerem doações além de suas condições.
Alguns até ridicularizam as doações e garantem bênçãos financeiras do Senhor em troca de enormes ofertas.

Viviam hipocritamente
Os fariseus eram falsos, pretendendo ser algo que não eram.
Os hipócritas religiosos de nossos dias cumprem seus deveres religiosos externos perfeitamente, mas permitem que pecados como orgulho, inveja e ódio floresçam por dentro.
Quando há maior interesse pelo exato comprimento do cabelo de uma mulher ou pelo uso de gravata pelo homem e interessa-lhes menos a honestidade, a pureza moral e o amor a Deus, estão seguindo perfeitamente no caminho trilhado pelos fariseus.

Possuiam grande conhecimento e soberba
Além da hipocrisia, havia outra coisa que era própria de um fariseu: sua grande erudição, seu enorme conhecimento.
Os fariseus de fato eram letrados – homens muito cultos e exímios conhecedores das Escrituras, porém, ao invés dessa condição conduzi-los à verdade, grande parte deles se tornaram hipócritas e cheios de si, pois lhes faltava o amor ao próximo.
Paulo, um dos maiores apóstolos e evangelistas, era originário do grupo religioso dos fariseus.
Paulo reconheceu esse fato e escreveu aos coríntios: "O saber ensoberbece, mas o amor edifica" (1 Co 8.1b). Não é de admirar que Paulo tenha abandonado tudo para ganhar "a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus."

Eram cegos
Apesar de examinarem as Escrituras diligentemente, os fariseus deixavam de ver o que elas estavam indicando. Sua pesquisa exaustiva e horas incansáveis de estudo não produziam para eles discernimento da verdadeira mensagem da Bíblia.
O que causava a cegueira deles? Eram preconceituosos, permitindo que seus desejos velassem o que as Escrituras ensinavam.
Seu orgulho impedia-os de se humilharem o suficiente para permitirem que o Senhor abrisse seus olhos

Fica aqui uma questão pertinente: somos cegos também?
Ler a Bíblia não nos imuniza.
Somente um coração terno e um amor pelo Senhor nos capacitarão a entender o que lemos.
Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que os homens ainda agem como fariseus.
Os homens não mudam muito.
Deus não muda nunca.
Ele se opõe aos modernos fariseus da mesma maneira que se opunha aos antigos.
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas..."


Parábola do Fariseu e do Publicano

Esta parábola refere-se a confiança em si mesmo, como sendo justo, e desprezavam aos outros:

Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro.
(Publicano é o nome dado aos coletores de impostos nas províncias do Império Romano).
O fariseu, conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo.
O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador.
Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a 14.)



Cada um desses homens foi ao templo para orar. Mas a motivação deles era essencialmente diferente. Sua mentalidade era totalmente distinta em relação ao ato de orar.

Agora faço uma pergunta:
Ao lado de qual dos dois nos colocamos, do fariseu ou do publicano?
Com qual deles nos comparamos?
Com qual deles podemos nos identificar?
Como nós nos apresentamos diante de Deus?
Com que atitude oramos?
Com que mentalidade oramos?
Como quem já sabe tudo e por isso só ora por obrigação – ou como alguém que está convicto de sua própria fraqueza e por isso busca o Senhor com ardente desejo interior?

Cada um de nós deve dar uma resposta sincera a estas perguntas.
Em muitos corações, o grande conhecimento impede um reconhecimento do próprio estado interior. O conhecimento sobre a nossa situação interior sempre nos leva a orar e suplicar como o publicano.
Certamente deveríamos ler as passagens da Sagrada Escritura de maneira que possa nos tocar como se a lêssemos pela primeira vez.

Uma coisa é certa: A presunção, o fato de se considerar melhor que os outros, porque se sabe quão maus eles são, faz parte do jeito dos fariseus.
Em nossa parábola, o fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente deste publicano.
Mas se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em que orarmos, então voltaremos "justificados" para nossa casa. "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado"(Mt 23.12).

(Adaptação do texto de Marcel Malgo - http://www.chamada.com.br)

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